segunda-feira, dezembro 18, 2006

FELIZ NATAL


Amanhã terça-feira vou partir para umas pequenas férias. Mais que merecidas no meu entender uma vez que são as primeiras num espaço de oito anos.
Se no local para onde vou puder “ocupar” um computador ainda tentarei dar algumas notícias, mas como o mais certo é não o conseguir fazer, envio a todos vós e às respectivas famílias votos de um Santo Natal.

domingo, dezembro 17, 2006

Estágio de Albergaria-a-Velha



O estágio o foi um sucesso, muitos karatekas e de boa qualidade.
Os treinos de avançados foram dirigidos para kumite wasa e para as katas Teki Shodan, Bassai Dai e Sochin, sobretudo na vertente da sua aplicação (bunkai e bunkai oyo)
O próximo Curso será da responsabilidade do CK Aveiro e será realizado em Bustos.

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Acreditar realiza peditórios em Lisboa, Porto e Coimbra


A Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro (Acreditar) realiza, neste fim-de-semana alargado, peditórios em Lisboa, Porto e Coimbra para ajudar as crianças que apoiam, anunciou hoje fonte da Acreditar.
Os peditórios realizam-se, entre quinta-feira e domingo, no Centro Comercial Amoreiras (Lisboa), CoimbraShopping (Coimbra) e NorteShopping (Porto

terça-feira, novembro 28, 2006

Estágio de Albergaria-a-Velha


Dias 16 e 17 de Dezembro no Pavilhão Municipal

Direcção Técnica Sensei Dirk Heene 7º Dan

SÁBADO 16 / DEZEMBRO / 06
Manhã
09h 00m às 10h 30m ___ Até Vermelho
10h 45m às 12h 15m ___ Castanhos e Pretos

Tarde
16h 00m às 17h 30m ___ Até Vermelho
17h 45m às 19h 15m ___ Castanhos e Pretos
19h 30m EXAMES de Grad. para 1º; 2º e 3º Dan
21h 30m Jantar de Curso

DOMINGO 17 / DEZEMBRO / 06
Manhã
09h 00m às 10h 00m ___ Castanhos e Pretos
10h 15m às 11h 15m ___ Pretos
11h 30m às 12h 30m ___ Todas as Graduações

domingo, novembro 12, 2006

Origami de Natal


A Embaixada do Japão vai realizar nos próximos dias 20, 28, 29 e 30 de Novembro um workshop de Origami de Natal.
Origami é a arte japonesa ou processo de dobrar quadrados de papel em formas representativas
( ori dobrar + kami papel)
O primeiro encanto do origami é o poder de transformar.

terça-feira, novembro 07, 2006

segunda-feira, outubro 23, 2006

DOJO DE CANTANHEDE


É uma secção da Sociedade Columbófila Cantanhedense.
Funciona no Pavilhão Gimno Desportivo da EB 23 de Cantanhede.
Horários – Segundas, Quartas e Quintas das 18.30 às 20.00
Instrutor _ Vítor Ramalho 5ª Dan SRKHIA

quinta-feira, outubro 19, 2006

VERDADEIRO MESTRE


Yagyu Tajima no Kami Munenori foi um grande espadachim e mestre de artes marciais de duas gerações de xoguns. Em suas conclusões intuitivas, expressa como "mente comum que não conhece regras", existe um ditado que diz: "Não existe tácticas militares que se apliquem a um homem de grande força".

"Certo dia, um dos vassalos do xogum aproximou-se de Tajima no Kami e pediu-lhe que o aceitasse como discípulo, ao que Yagyu respondeu: - Pelo que vejo, o senhor já é um mestre. Peço-lhe que me diga a que escola pertence, antes que entremos na relação mestre-discípulo.

O guarda observou que se envergonhava de dizer, mas jamais tinha aprendido a arte da esgrima Mas eu nunca pratiquei nenhuma arte marcial - respondeu o homem.

- O senhor está brincando comigo? Sou o mestre do venerável xogum e sei que meus olhos jamais se enganam.

- Lamento ofender a sua honra, mas a verdade é que jamais tive qualquer conhecimento desta arte - insistiu o guarda.

- O senhor veio praticar o Tajima no Kami como desporto? Estou errado em achar que o senhor é um dos professores do xogum? Perguntou o mestre Yagyu, mas o homem jurou que não e então, frente a tão segura negativa, o mestre vacilou um momento, ao final do qual disse: - Como o senhor afirma, não vou desmenti-lo, mas seguramente o senhor é mestre em alguma outra disciplina, embora eu não saiba qual seja.

Respondeu-lhe o guarda: - Devo dizer-lhe que existe algo no qual me considero mestre. Quando eu era criança, ocorreu-me a ideia de que o guerreiro é um homem que não vive sua vida a se lamentar e não tem o direito de temer a morte em qualquer circunstância. Desde então lutei continuamente com a ideia de morte. Como acredito nisso há muitos anos, isso se tornou uma grande convicção. Hoje em dia, eu nunca penso na morte. Talvez seja a isso que o senhor se refere.

Mal ouvira tais palavras, mestre Yagyu ficou muito impressionado com a resposta e exclamou: - Alegro-me que minha impressão estava certa, pois o princípio mais profundo da arte da espada é atingir a libertação da ideia de morte. Tenho mostrado essa meta a centenas de discípulos, mas até o momento nenhum alcançou o grau supremo na arte da espada. O senhor não precisa de qualquer ensinamento, pois já é um mestre.

Dizem que depois disso, Yagyu Munenori concedeu imediatamente o certificado ao vassalo do xogum.

- História de Muragawa Soden
Hagakure, Século XVII

sexta-feira, outubro 13, 2006

Treino de avançados em Mira


No seguimento das actividades previstas no nosso plano, vamos realizar em Mira, o próximo treino de avançados.
Embora destinado e programado dentro do nosso plano de formação, este treino está aberto a praticantes de outras organizações, bastando para tal que tenham graduação igual ou superior a 5º Kyu (cinto azul).
O local escolhido para o evento situa-se nas instalações do Clube Domus Nostra, associação que acolhe o nosso Dojo na vila de Mira.Como é habitual o treino começara pelas 10.00h e constará de duas partes. Treino de uma kata e respectivo bunkai e treino de kumite.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Uma chávena de chá

Nan-in, um mestre japonês, recebeu um professor universitário que o visitou para fazer perguntas sobre o zen. O professor estava cheio de idéias, e fazia muitas perguntas. Nan-in serviu o chá. Ele encheu completamente a chávena de seu visitante e depois continuou a deitar mais chá na chávena. O professor observou o chá a derramar-se até não poder mais se controlar.
- Já está derramando! Não cabe mais nada! - Disse o professor.
- Como esta chávena - disse Nan-in - Você está cheio de suas própria opiniões e especulações. Como posso lhe mostrar o zen a menos que você primeiro esvazie sua chávena?

terça-feira, outubro 03, 2006

Hiroshi Shirai



Nasceu a 31 de Julho de 1937 em Nagasaki, iniciando-se na pratica do Karate em 1955.
Em 1961 e 1963 é vice-campeão em Kumite da JKA e em 1962 vence tanto em Kumite como em Kata.
No seguimento da política da JKA de enviar os seus melhores instrutores para expandirem o Karate no mundo, estabelece-se a partir de 1965 em Itália.
Por motivo das lutas pelo poder na JKA, afasta-se desta e funda com Sensei Taiji Kase a WKSA - World Karate-Do Shotokan Academy. Encontra-se actualmente ligado a ITKF – International Traditional Karate Federation de Sensei Hidetaka Nishyiama.
Já por diversas vezes se deslocou ao nosso país para a realização de estágios técnicos.
Tive diversas vezes oportunidade de praticar com o Sensei Shirai.
A sua maneira de estar no karate será sempre uma referência para mim.

segunda-feira, setembro 25, 2006

TOCHA - Treino de Avançados


A Associação KarateDo Shotokan Gândara Bairrada, vai realizar no dia 30 de Setembro pelas 10.00 horas o primeiro treino de avançados.
A organização será da Secção de Karate da Associação 1º de Maio da Tocha, que para o efeito requisitou o Pav. da Escola Básica.
O treino está aberto a todos os praticantes com graduação igual ou superior a 5º Kyu ( cinto azul) e terá inicio às 10.00 horas.

quinta-feira, setembro 21, 2006

terça-feira, setembro 19, 2006

Dia Mundial do Coração 2006


24 de Setembro de 2006 Não deixe esta batida morrer, ponha o corpo a mexer .

A Associação Shotokan KarateDo Gândara Bairrada fará uma demonstração, junto Á Câmara Municipal de Cantanhede

domingo, setembro 17, 2006

Histórias e Tradições do Japão




De 30 de Setembro a 29 de Outubro Porto e Nagashi - cidades geminadas - serviram de inspiração às três exposições organizadas pela Cooperativa de Actividades Artísticas “Árvore”.

Bonecos Tradicionais Japoneses- Colecção “Beatriz Martins Janeiro”, do Museu do Brinquedo em Sintra, e colecções particulares da Embaixatriz Ingrid Bloser Martins e da Embaixada do Japão Homenagem a Nagasaki
Quadros, com temas japoneses de chá, pintados sobre seda, de autoria de Thuy Tien e Exposição de Bules de Chá Japoneses, colecção particular da Embaixatriz Ingrid Bloser Martins

Na Casa do Infante, no Porto, de 2ª a Sábado das 10h às 17h30 e Domingos das 14h às 17h.

Visões do Japão no Final do séc. XIX através da Gravura Japonesa - exposição da Colecção de Manuel Paias

No CRAT -Centro Regional de Artes Tradicionais, Porto, de 2ª a 6ª, das 10h00 às 12h00 e das 13h00 às 18h00.

Todas as exposições têm entrada livre.


FONTE

sábado, agosto 19, 2006

Plano de actividades para a época de 2006/07


Setembro
Dia 30 Treino de avançados na Tocha

Outubro
Dia 28 Treino de avançados em Mira

Novembro
Dias 4 e 5 Estágio Regional e exames de graduação em Cantanhede

Dezembro
Dias 16 e 17 Estágio com o Sensei Dirk em Albergaria-a-Velha

Janeiro
Dia 6 Exames de graduação na Presa – Mira
Dia 27 Treino de avançados Febres

Fevereiro
Dia 24 Treino de avançados na Poutena

Março
Dias 3 e 4 Estágio com o Sensei Dirk em Aveiro
Dia 31 Treino de avançados em Mira

Abril
Dia 7 Exames de graduação na Poutena
Dia 28 Treino de avançados Febres

Maio
Dias 5 e 6 Estágio com o Sensei Dirk em Gondomar
Dia 9 Campeonato da AKSGB na Tocha
Dia 26 Treino de avançados na Praia da Tocha

Junho
Dia 23 Treino de avançados em Mira

Julho
Dias 7 e 8 Estágio Regional e exames em Mira
Dia 28 Treino e festa convívio de encerramento de época em Mira

sexta-feira, agosto 18, 2006

FALECEU O SENSEI ASAI


Tetsuhiko Asai, 9º dan, expoente máximo do Karaté Shotokan faleceu no passado dia 15 de Agosto. Para surpresa de muitos, o sensei debatia-se há meses contra a leucemia.
Tetsuhiko Asai era o instrutor chefe da JKS (Japan Karate Shotoenmei), e deixa para trás o enorme Legado de uma vida dedicada ao Karaté-Do.
As exéquias fúnebres terão lugar a 1 de Setembro em Tóquio.

quinta-feira, julho 27, 2006

FINAL DE ÉPOCA

No próximo dia 29 realizamos um treino na Praia da Tocha (lado sul) e terminamos a época com um almoço na Associação 1º de Maio na Tocha.
Vai ser um momento de treino e confraternização.
Para aqueles que pretendam treinar durante o mês de Agosto vamos manter dois Dojos abertos.
Poutena - Ter e Sex. às 19.30 horas
São Caetano - Seg. e Quin. Às 20 horas

terça-feira, julho 11, 2006

DEMONSTRAÇÃO


No dia 22 de Julho pelas 19.00 horas, estaremos na Expofacic, para efectuar uma demonstração.

segunda-feira, julho 10, 2006

Karate melhora a qualidade de vida de idosos

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os factores de risco são vistos como um conjunto de elementos que com o passar do tempo desencadeiam doenças crónico-degenerativas causando danos à saúde e a perda da qualidade de vida principalmente aos seres humanos da terceira idade.
Fazem parte deste conjunto as aptidões físicas, emocionais, profissionais, intelectuais e espirituais, que podem ser administrada de maneira positiva ou negativa, gerando bem-estar geral ou uma saúde negativa associada a riscos de doenças com possibilidade de morte prematura.•
A prática do karate desenvolve hábitos posturais e auxilia no fortalecimento da musculatura. Em pessoas com mais de 60 anos, o fortalecimento muscular contribui para a prevenção da osteoporose, maior flexibilidade diminuindo assim riscos de queda gerando bem estar geral e maior autonomia, além de construir com o passar dos dias a prática do exercício respiratório, responsável pela oxigenação do corpo, trazendo assim longevidade, isto é um expectativa de uma longa vida com prazer e saudável.

segunda-feira, junho 19, 2006

O ESPÍRITO DO KARATEDO: Movimento inicial e postura


Nos primeiros tempos do KarateDo, alguns anos depois de 1935, os clubes de Karate de colégio por todo o Japão, mantinham encontros entre si. Estes encontros eram chamados de Kokangeiko (práticas de cortesia), onde os participantes eram livres de se atacarem uns aos outros com todas as técnicas à sua disposição. A seu objectivo original era promover amizade entre clubes.

Estes encontros consistiam na demonstração de Katas e num conjunto de padrões de defesa e ataque ou a pratica do ataque e contra-ataque. Este último idealizado numa relação formal. Uma pessoa atacava apenas uma vez e por sua vez o seu oponente contra-atacava de novo apenas uma vez. Assim, continuavam alternando controladamente.

Mas o sangue jovem dos estudantes corria demasiado quente para serem satisfeitos com tal mansidão. Eles não conseguiam resistir à tentação de usar o máximo de técnicas que tinham aprendido e as capacidades que tinham obtido através do treino diário.

Havia cinco ou seis concorrentes de cada universidade neste género de combates livres. Soltando gritos ferozes ao sinal, os adversários começavam a combater. Se alguma situação complicada se desenvolvesse, era da responsabilidade dos juízes intervir e separá-los. A verdade é que os juízes raramente tinham tempo de exercer a sua responsabilidade. Estava tudo acabado em 30 segundos. Alguns dos concorrentes tinham dentes e narizes partidos, outros tinham os lóbulos das orelhas praticamente arrancados ou estavam paralisados com um pontapé na barriga. Os aleijados encolhiam-se aqui e ali espalhando-se pelo dojo - era uma cena sangrenta.

O Karate, nos seus primeiros tempos, não tinha regras de combate, apesar de haver um acordo de cavalheiros em que se evitava os golpes aos órgãos vitais. Mesmo com tantos feridos, o costume de realizar estes combates manteve-se popular durante algum tempo.

Eu era aluno de Karate num clube nesses tempos. Se esse costume continuasse, temia eu, o Karate degenerava numa técnica bárbara e perigosa. Mesmo assim, derrotar um adversário é o objectivo comum a todas as artes marciais. O praticante tem de poder combater livremente, usando as suas técnicas se quer manter as suas capacidades. Se é assim, pensei eu, então o Karate é demasiado poderoso e perigoso para combates de competição.

O Karate desenvolveu-se em Okinawa, onde as pessoas eram estritamente proibidas de usar armas. Os praticantes lá, treinavam geralmente sozinhos através da prática centrada no Kata. Eles não disputavam combates. Embora nós possamos manter a nossa técnica através de prática sem um oponente, nós não podemos melhorar a nossa condição mental e física na preparação para o combate real.

Especificamente, nós precisamos de aprender a ultrapassar a nossa ansiedade e a saber a que distância devemos estar do nosso oponente. Sem a prática com um oponente nós não temos a chance de treinar ao máximo das nossas capacidades. Eu estava numa incerteza. Combater é perigoso, mas combater é indispensável. Apenas através do combate é que conseguimos manter as capacidades essenciais para a nossa arte marcial.

Mesmo depois de licenciado na Universidade, eu continuava na esperança de ver o desenvolvimento de um tipo de combate que tornasse o Karate numa arte marcial moderna. Eu cheguei a organizar alguns combates em que os participantes usavam equipamento de protecção, mas esse tipo de acessórios era um obstáculo e acabou por ser mesmo a causa de algumas lesões. Eu tinha de continuar em busca de uma solução, isto tudo um pouco antes do começo da IIª Guerra Mundial.

Depois da Guerra, o Japão abandonou a consciência militarista do passado e fez um novo começo como uma nação pacifista. Mesmo assim, os clubes de Karate continuavam a efectuar os seus campeonatos de combates selvagens e os lesionados continuavam a amontoar-se. Num clima de paz, a violência sob qualquer forma era uma situação condenável. Se o Karate continuasse como estava, acabava por ser visto como uma representação concreta da violência e acabaria certamente por desaparecer. Contudo, o Judo e o Kendo estavam a desenvolver-se como desportos. Os gloriosos campeonatos entre nadadores ou jogadores de basebol iluminavam a tristeza do pós-guerra. Os jovens praticantes de Karate esperavam que o Karate se tornasse num desporto, que tivesse regras para os combates.

Eu pensava que já era tempo de fazer do Karate um desporto. Estudei as regras de muitos desportos e observei muitos campeonatos. Finalmente, desenvolvi regras para os combates e estilos de luta que permitissem aos praticantes usar o máximo das suas técnicas sem se aleijarem uns aos outros. No entanto, se pusermos demasiado ênfase no combate, perdemos em técnica. Para prevenir essa situação, resolvi criar também campeonatos de Kata.

Os campeonatos que desenvolvi consistindo em Kata e combate livre, foram realizados pela primeira vez em Tokyo no All Japan Grand Karate Tournament, em Outubro de 1957, com o patrocínio da Japan Karate Association. Os combates foram bastante impressionantes, com rápidos ataques e contra-ataques e técnicas bem controladas. Os participantes em Kata realizavam rápidos e bonitos movimentos. Ambos os combates e os Katas impressionaram bastante a audiência. Nem sequer um dos praticantes de combate livre ficou lesionado. Os novos combates foram um grande sucesso. Esse foi o começo dos combates praticados hoje em campeonatos de Karate em todo mundo. Finalmente uma forma de combate próximo do combate real acabava por chegar ao público.
Como podem ver, eu resolvi o impasse em que me encontrava e tive sucesso ao criar novas formas de combate. Mas no entanto ainda temo por uma coisa: conforme os combates de Karate se vão tornando populares, os praticantes de Karate tornam-se demasiado absorvidos na vitória. É fácil pensar que ganhar um ponto é importante, e os combates provavelmente perderão a rapidez de acção característica do Karate. Neste caso, os combates de Karate degenerariam numa mera troca de golpes. Mais ainda, eu não poderei dizer se a ideia de combates livres vai de acordo com a ideia do espirito do Karate, ensinado pelo Mestre Funakoshi, o fundador do Karate-Do. Pelo que irão ver mais tarde, o espirito do seu Karate exigia um elevado sentimento ético.

O Mestre Funakoshi, várias vezes recitava um velho ditado de Okinawa que dizia: "Karate é a arte dos homens virtuosos". Escusado será dizer que para os praticantes de Karate demonstrarem o seu poder e técnica em rixas de rua, estarão a ir contra o espirito do KarateDo, o significado de KarateDo vai para além das vitórias em campeonatos ou das técnicas de auto-defesa. Ao contrário dos desportos mais comuns, o Karate-Do tem um espirito próprio. Ser um verdadeiro Mestre é compreender o espírito do Karate-Do como uma arte marcial.

O KarateDo tem-se tornado popular nos nossos dias, e o seu espirito poderá se desvanecer das nossas mentes. A partir deste ponto, eu poderia falar do espirito do Karate, retornando às raízes do seu caminho marcial.

Diz-se que "no Karate não existe primeiro ataque" (sente). Isto é uma advertência para os praticantes não lançarem o primeiro ataque e uma estrita proibição contra o uso consciente das técnicas de Karate.

Os Mestres de Karate, especialmente o Mestre Funakoshi, advetia os seus alunos com essas palavras vezes sem conta. De facto, não é um exagero dizer que elas representam o espirito do Karate.
Em Karate, todo o poder do corpo é focado num só ponto, como um punho ou um pé, de modo que toda a sua energia destrutiva é libertada num único momento, por isso o aviso: "vejam sempre os vossos punhos e pés como se fossem espadas. Num combate, o punho ou pé do atacante é em principio, dirigido a um ponto alguns centímetros do corpo do oponente, de maneira a não causar nenhuma lesão. Da consideração por tal poder destrutivo, vêm as palavras: "em Karate não existe primeiro ataque".


Por : Shihan Masatoshi Nakayama
(publicação no nº 46 da Fighting Arts International Magazine

sábado, junho 03, 2006

CURSO DE KARATEDO VILA DE MIRA


Data 17 e 18 de Junho

Horários: Sab: das 09.00 até às 10.30-Todas as graduações
Das 10.30 até ás 12.30- A partir de 6º kyu
Das 17.00 até às 18.30- Todas as graduações
Das 18.30 até às 20.00- A partir de 6º kyu
Dom.: Das 09.00 até às 10.30- Todas as graduações
Das 10.30 até ás 12.30- A partir de 6º kyu

Local: Pavilhão do Clube Domus Nostra, Portomar, Mira.

Preço: 20 Euros

Instrutor: Sensei Vilaça Pinto 6º Dan

Informações: E-Mail1
E-Mail2

domingo, maio 28, 2006

ÚLTIMA HORA

O treino de avançados vais realizar-se no próximo sábado dia 3 na Poutena.
Como tal o treino de Junho passara par o dia 1 de Julho em Arazede.
Os exames de graduação não vão sofrer alteração de data e estão marcados para o dia 8 de Julho também em Arazede.
Entretanto o estágio de Mira já rola. Será ministrado pelo Sensei Vilaça Pinto 6º dan, nos dias 17 e 18 de Junho.

segunda-feira, maio 22, 2006

NOVO DOJO


É com grande prazer e satisfação que anuncio a abertura de um novo local para a prática do karate shotokan.
Desta feita vamos entrar no concelho da Figueira da Foz, freguesia de Moinhos da Gândara.
Faça já a sua inscrição Na Associação Cultural e Desportiva de Ribas.
Nunca é tarde para começar a praticar esta nobre arte.

sexta-feira, maio 19, 2006

SENSEI NAKAYAMA


O Sensei Nakayama nasceu em Kanazawa/Japão em 1913 e começou a treinar Karate com o mestre Funakoshi em 1931, aos 24 anos. Em 1955, foi indicado como Instructor-Chefe da Japan Karate Association (JKA), devido ao seu grande talento como lutador e como mestre. Como professor e director de Educação Física na Universidade de Takushoku (também conhecida como Takudai), Nakayama foi o pioneiro no desenvolvimento do Karate Shotokan por meios científicos. Escreveu vários livros (entre eles a série Best Karate), fez filmes didácticos e ministrou seminários pelo mundo inteiro, o que o transformou numa grande autoridade no Karate Shotokan. Mestre Nakayama faleceu em 1987, tendo cumprido seu objectivo de expandir o Karate internacionalmente, e tornando a Japan Karate Association na mais respeitada organização de Karate de todo o mundo.

sábado, abril 22, 2006

Miyamoto Musashi

Miyamoto Musashi nasceu para se tornar o maior samurai de todos os tempos.

Desde a sua primeira luta, prenunciando o que seria sua vida futura, aos treze anos de idade, conheceu o sabor da vitória. As suas lutas quase sempre terminavam com a morte do rival. Esses actos, aos nossos olhos, podem até parecer cruéis, mas para os samurai, a morte era encarada com naturalidade. Musashi foi concebido com glória da iluminação, por meio do Kendo, e com isso desenvolveu uma visão precisa da realidade, premiada com uma conduta digna e honrosa.

Musashi foi um mestre no caminho da espada, procurou a perfeição na arte da esgrima até sua fama alcançar as principais cortes do Japão. Criou um estilo de luta com duas espadas, chamado Niten Ichi Ryu e quando as suas habilidades com as suas espadas, longa e curta e com a lança tornaram-no invencível, o guerreiro mais temido de todo o Japão, retirou-se e dedicou-se a escrever o livro Go Rin No Sho, O livro dos Cinco Anéis, um clássico da literatura japonesa, aonde deixa um legado da sua técnica às futuras gerações. Shimen Musashi no Kami Fushiwara no Genshin, teve inúmeros combates, o primeiro deles foi aos treze anos de idade, contra Arima Kihei, um samurai da escola xintoísta Ryu. Participou da batalha de Sekigahara, no qual sobreviveu ao massacre sobre sua facção derrotada e continuou percorrendo o seu bushido.

Lutou contra a família Yoshioka. Seijuro, foi o primeiro da família a enfrentar Musashi, que empunhava uma espada de madeira, ao contrário de Seijuro, que trazia uma espada de boa qualidade. Musashi derrubou e espancou Seijuro furiosamente. Após a sua vitória, permaneceu na capital, esse comportamento irritou muito os Yoshiokas. Densichiro foi o segundo do clã a desafiar Musashi, que depois do início da luta quebrou o crânio do oponente que morreu imediatamente. Uma terceira luta foi proposta, agora contra Hansichiro, filho de Seijuro. Musashi chegou mais tarde ao local do duelo e escondeu-se. O rapaz havia chegado bem antes com um grupo de homens bem armados. Quando julgaram que Musashi, se tinha escapado do duelo, eis que ele surge e mata o jovem. Depois, com as suas duas espadas, causou ferimentos e mortes entre o grupo e fugiu, essa foi a primeira vez que Musashi usou as duas espadas simultaneamente.

Em 1605, após derrotar Oku Hozoin, monge discípulo de Hoin Inei, Musashi passou algum tempo estudando as técnicas dos sacerdotes lanceiros. Na província de Izumo, após derrotar o campeão local Matsudaria, permaneceu um tempo como professor desse senhor, mas o duelo mais famoso de Musashi, foi em 1612 em Ogura, província de Bunzen, contra Sasaki Kojiro, dono de uma técnica de esgrima conhecida como Tsubame-gaeshi. O local do duelo era uma ilha próxima de Ogura. Musashi, durante a viajem para chegar ao local, esculpiu uma espada a partir do remo existente no barco. Estava com uma aparência suja, pouco ortodoxa. Todos, inclusive Kojiro se surpreenderam com sua figura. Musashi correu sobre seu oponente que lançou a espada fora da bainha e em seguida se desfez da própria bainha. Com um golpe desferido pela sua espada feita do remo, Musashi abriu o crânio de Ganryu Kojiro, que caiu morto.

O duelo contra Muso Gonnosuke, um dos maiores manejadores do bastão de todos os tempos, foi um dos mais famosos também. Tanto Musashi como Gonnosuke, afirmam enfaticamente nos seus livros que, no dia do duelo, foram derrotados um pelo outro, já que ninguém saiu vencedor desse duelo. Depois, Gonnosuke tornou-se um dos melhores amigos de Musashi, e criou o Bojutsu.

O livro Musashi, de Eiji Yoshikawa, foi o livro mais lido e mais vendido da história do Japão. Conta a história de Musashi em dois grossos volumes. A leitura deste livro leva-nos a um grande entendimento da cultura japonesa

quinta-feira, abril 13, 2006

O SENSEI

As tradições, o código ético e as normas de conduta do Budo e consequentemente de todas as Artes japonesas, sejam marciais ou não, têm uma história com centenas de anos.
Um dos aspectos mais importantes da sua herança centra-se no Mestre e nas responsabilidades que assume como tal.
A história relata que numa grande batalha naval, poderosas embarcações de guerra enfrentaram-se. Uma densa neblina envolveu-as mas o comandante possuía um Shi-nan um compasso marítimo elaborado com um íman, graças ao qual logrou sair da neblina e vencer o inimigo
A palavra Shi-nan começou depois a aplicar-se ao Mestre que é quem mostra o caminho, ou os dados que levam ao caminho ou direcção correctos.
As responsabilidades de um instrutor de karate são como um instrumento de marear que, primeiro dirige os alunos para a direcção correcta, depois, ganha o respeito e confiança dos alunos, dando o exemplo através do melhor carácter e conduta possíveis, por fim através do treino constante procura melhorara o seu nível técnico, mantendo-se sempre á frente na evolução dos seus alunos afim de lhes poder indicar o caminho. A análise cuidadosa que realiza sobre as condições físicas, mentais e psicológicas de cada um dos seus alunos, permitem-lhe guiá-los na direcção mais indicada para a sua evolução.
Como instrutor e mestre a compreensão do símbolo do compasso indica um compromisso pessoal e uma dedicação pelas normas mais elevadas do karate tradicional

domingo, abril 09, 2006

CURSO DE KARATE-DO SHOTOKAN

ORIENTADO POR : SENSEI DIRK HEENE (7º DAN - SRKASEHA)
22-23 ABRIL 2006
PAVILHÃO MUNICIPAL DE AMARANTE
SÁBADO DIA 22 DE ABRIL
MANHÃ: -ATÉ CINTOS VERMELHOS DAS 9:00 H ÁS 10:30 H
-CINTOS CASTANHOS E NEGROS DAS 10:30 H ÁS 12:00 H

TARDE: -ATÉ CINTOS VERMELHOS DAS 15:00 H ÁS 16:30 H
-CINTOS CASTANHOS E NEGROS DAS 16:30 H ÁS 18:00 H

DOMINGO DIA 23 DE ABRIL
MANHÃ: -CINTOS CASTANHOS E NEGROS DAS 09:30 h ÁS 11:30 h

INSCRIÇÃO - 20 EUROS


ORGANIZADO POR: CSK
E-Mail


SENSEI DIRK HEENE

CURRICULUM
Data de Nascimento: 24 de Janeiro de 1949 em Aalast - Bélgica
Graduação: 7º DAN
Inicio da prática de Karate: 1965
Inicio da prática de Karate com Sensei Kase: 1970
Formação Académica:
Formado em Educação Física pela Universidade de Ghent em Junho de 1972. Actualmente exerce o ensino de Educação Física e Budo na escola secundária de desporto em Hasselt na Bélgica, sendo o único na Bélgica a ensinar a especialidade de Budo no ensino oficial.
Competição:
- 3 vezes campeão da Bélgica em Kata.
- 3 vezes presente na final do Campeonato do Mundo (Los Angels – 1975, Tokyo – 1977, Malmo 1979).
- Campeão em Kata Equipa na European Shotokan Cup.
- Membro da Equipa Nacional Belga de 1970 a 1980.
- Participação por 9 vezes em Campeonatos da Europa.

Outras Informações:

- Em 1980, abandona a competição aumentando assim o treino de Karate Tradicional com o Sensei Kase.
- Membro do Conselho Técnico da Shotokan Ryu Kase Ha Instructors Academy.
- Instrutor e Conselheiro no “Karate Instructor Course” organizado pelo governo Belga.

sexta-feira, abril 07, 2006

Yoshitaka (Gigo) Funakoshi (1906 - 1945)

Gigo (ou Yoshitaka, dependendo do modo como se podem ler os kanji que formam o seu nome), o terceiro filho de Gichin Funakoshi, tomou o lugar de Takeshi Shimoda, que ensinava Karate em várias universidades, quando este faleceu.
Gigo teve um papel fundamental no desenvolvimento das katas Taikyoku, Kumite Ten-no kata, e Kon-no kata “Matsukaze”, bem como na sistematização técnica do Karate-do Shotokan.
Foi ele que orientou a construção do dojo Dai-Nihon Karate-do Shotokan.
Yoshitaka, com o apoio de sue pai e o de outros mestres, ajudou a desenvolver tecnicamente o Karate, de modo a separá-lo definitivamente da sua origem local.
Formalmente, iniciou a prática aos 12 anos de idade, mas, no seu livro Karate-do: My Way of Life, Gichin Funakoshi conta que ia praticar Karate com os seus mestres, Itosu e Azato, acompanhado de seus filhos. Estes observavam-no a executar as katas, e no fim, os mestres pediam aos rapazes que o imitassem.
Era extremamente poderoso, tendo atingido um nível técnico fora do comum. O Mestre Shigeru Egami considerava-o um génio do Karate. Aos 7 anos de idade, foi-lhe diagnosticada tuberculose, tendo os médicos previsto uma pequena esperança de vida. Talvez por isso, Yoshitaka decidiu praticar com toda a sua energia, de modo a atingir o mais alto nível antes de morrer.
Talvez mais que seu pai, Gigo foi o responsável pelo desenvolvimento do Karate moderno. Assim, enquanto que o antigo “To-de” se baseava em técnicas utilizando os braços e as mãos, Yoshitaka descobriu novas técnicas de pernas: Mawashi Geri, Yoko Geri Kekomi, Yoko Geri Keage, Fumikomi, Ura Mawashi Geri (há quem defenda que esta última se deve a Sensei Kase) e Ushiro Geri. Além disso, todas as técnicas de perna se passaram a executar com uma elevação muito superior do joelho, e dada muito maior importância ao papel da anca.
Yoshitaka insistia no uso de posições baixas e ataques longos, encadeamento de técnicas, dando grande importância a oi tsuki e gyaku tsuki.
Em 1936, Funakoshi publica o livro “Karate-do Kyohan”, onde mostra as técnicas de base e as alterações nas katas, sendo o espelho do nascimento do Karate-do como uma nova arte marcial japonesa, deixando para trás as suas raízes de Okinawa. Este aspecto é realçado pela escolha do kanji “kara”, assim como na escolha de nomes japoneses para as katas.
Devido às difíceis condições de vida no Japão durante a II Guerra e aos treinos incrivelmente exigentes a que se submetia, Yoshitaka veio a falecer aos 39 anos.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

TREINO DE AVANÇADOS



No próximo dia 25 de Fevereiro terá lugar mais um treino de avançados.
Mais uma vez será realizado em Mira
Como de costume começará pelas 10.00h no pavilhão do Clube Domusnostra, em Portomar.
Este treino destinado aos praticantes com graduação igual ou superior a 5º kyu, consta de duas partes. Na primeira treinaremos a Kata Bassai Sho e sua aplicação (bunkai) e na segunda parte treinaremos kumité.
Embora este treino seja destinados a praticantes filiados na AKSGB, receberemos com muito gosto todos aqueles que nos quiserem dar o prazer de participar.
História de Mira

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

CURSO DE KARATE -DO SHOTOKAN

DIAS 4 e 5 de Março de 2006
em Estarreja

Para mais informações sobre o Curso que será ministrado pelo Sensei Dirk Heen devem contactar:
Sensei Miguel Rocha
Tel. + 351 234500124
Fax: + 351 234382132
E-Mail

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Treino de Avançados



No próximo dia 21 de Janeiro terá lugar mais um treino de avançados.
Contrariamente ao programado o memo vai realizar-se em Mira.
Como de costume começará pelas 10.00h no pavilhão do Clube Domusnostra, em Portomar.
Este treino destinado aos praticantes com graduação igual ou superior a 5º kyu, consta de duas partes. Na primeira treinaremos a Kata Heian Oyo e sua aplicação (bunkai) e na segunda parte treinaremos kumité.
Embora este treino seja destinados a praticantes filiados na AKSGB, receberemos com muito gosto todos aqueles que nos quiserem dar o prazer de participar.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

O DOJO KUN

O DOJO KUN (por Sensei Vilaça Pinto)
Índice
Introdução

Jinkaku Kanseini Tsuto Murukoto (Carácter)

Makoto No Michyo Mamurokoto (Sinceridade)

Doriuoku No Seishin Oyashinaukoto (Esforço)

Reiguió Omonzurukoto (Etiqueta)

Keki No Yuó Imashimurukoto (Auto-controlo)


Introdução
Se uns perguntam de que se trata, outros já o conhecem e, outros ainda, provavelmente até o dizem no Dojo, no final dos treinos.
O que é realmente importante é entende-lo, praticá-lo e ensiná-lo.
Genericamente trata-se de um conjunto de cinco regras, apontando cada uma delas para sentidos diferentes do comportamento do Karateka.
Estas regras não se destinam apenas a regular a atitude do praticante durante o treino, mas também, durante todos os momentos da sua vida, exterior ao Dojo.
Numa altura em que o Karate é tão mal entendido e tão mal tratado, parece-me ser oportuno abordar este tema.
O Karate não deve ser interpretado apenas como exercício físico, ou uma actividade que se pratica duas ou três vezes por semana, no ginásio lá do bairro, depois do que, tudo se esqueceu e volta a ser como antes.

Jinkaku Kanseini Tsuto Murukoto (Carácter)
Se o Karate é entendido como uma filosofia de vida, significa que as capacidades adquiridas por este método, estilo, permanecem presentes no indivíduo e não apenas quando este se encontra nas melhores condições físicas ou no pico da forma. O verdadeiro Karateka encara uma doença ou uma lesão como um momento ideal para treinar e sentir o Karate.
É debaixo de grandes dificuldades que se desenvolvem grandes qualidades de carácter.
O fundador do Karate - Gishin Funakoshi ensinava: "A finalidade do Karate não reside na vitória ou na derrota, mas sim, no aperfeiçoamento do carácter dos seus praticantes".

Makoto No Michyo Mamurokoto (Sinceridade)
O Homem do Mundo actual tem revelado, não nas palavras contidas no discurso teórico-filosófico acerca das normas por que se diz reger, mas sobretudo no acto concreto da convivência social, uma enorme dificuldade em se abstrair do "parecer" e de valorizar o "ser". Curiosamente, se colocarmos esta questão a qualquer pessoa, ou em qualquer lugar, a resposta é sempre a favor do ser. No entanto, o que se verifica na prática corrente do dia a dia é a hipocrisia do "parecer".
O treino de Karate tem de ser um acto de sinceridade que nos torne humildes nas facilidades e corajosos nas dificuldades. Esta é a única maneira de evoluir em Karate e de entender o "Oss".
A falta de sinceridade evidenciada pelos competidores, produto duma instrução distorcida, aconselhada pelos próprios instrutores, desprovida dos mais elementares princípios do Karate, leva, pouco a pouco, ao abandono da modalidade pelos praticantes que se sentem enganados. Por outro lado promover e divulgar provas desportivas de Karate com muita qualidade, é o mesmo que dizer às pessoas para não praticarem Karate.
Que nos vale exibir o cinto ou a taça do nosso desejo, se uma prática dura e rigorosa do treino, esse adorno sito quem mais nos envergonha.
De que nos vale "parecer" se não conseguimos "ser" ? ...
É para dizermos nos jornais e aos amigos que somos? ...
E a nós o que dizemos ?

Doriuoku No Seishin Oyashinaukoto (Esforço)
O treino de Karate, não obstante de ser um excelente exercício físico, é sobretudo um método de educação do corpo. No entanto, devemos ter sempre presente que não é no corpo que se governa a vida. Nesse sentido assume especial relevo o desenvolvimento do espírito em apelo às capacidades evolutivas - o esforço.
Esta que é a terceira das cinco máximas do Karate, é a que mais frequentemente se interpõe entre o treino e o praticante. Porém, o culto do esforço não terá, em Karate, o mesmo significado que no desporto em geral. Nos desportos tradicionalmente ocidentais, o esforço é uma componente do treino para aquisição da condição física e do rendimento desportivo. Isto significa que, o desportista só vale quando a sua condição física o coloca no pico da forma.
Em Karate, o esforço tem o significado do confronto. É sob as grandes dificuldades que se revelam algumas características do indivíduo, ocultas na sua personalidade, quantas vezes sem ele mesmo as conhecer.
Nas actividades desportivas procura-se que, o esforço para vencer a fadiga apareça o mais tarde possível, ou de preferência que nem se faça sentir. Esta é a forma ideal do "atleta".
No Karate, procura-se o confronto do Karateka com a fadiga. Quantas vezes são revelados métodos científicos para a aquisição da forma?
Este facto é por vezes referido pelos metodólogos do desporto como errado. Eles porém, desconhecem que este é um dos princípios essenciais que caracterizam as artes marciais.

Reiguió Omonzurukoto (Etiqueta)
Sendo o Karate uma modalidade que nos proporciona a aprendizagem de movimento e técnicas de grande poder e eficácia, susceptíveis de provocarem danos quando aplicadas no corpo humano, não se concebe a dispensa da etiqueta e o culto das boas maneiras, como factor regulador nos ímpetos agressivos e violentos. Não sendo assim, o Karate torna-se uma prática rude e rudimentar, à semelhança do que acontece em alguns desportos de competição, com a agravante de que, neste caso, se trata de uma arte marcial, isto é, de movimentos de ataque e defesa.
A confirmar os meus receios, temos a forma grosseira como a competição trata o Karate. Assistir hoje a uma competição de Karate, salvo raras excepções, é um espectáculo decepcionante. A falta de qualidade técnica e ética, invariavelmente de mãos dadas, começa nos competidores alastrando-se até ao público assistente, passando pelos árbitros e pelos instrutores responsáveis pelas acções em disputa. É realmente um mau espectáculo e sobretudo não dignifica a modalidade.

Keki No Yuó Imashimurukoto (Auto-controlo)
Qualquer uma das três disciplinas que compõem o treino de Karate: Kihon, Kata ou Kumite, nos relaciona com as cinco máximas. No entanto, o treino de Kumite confronta-nos não apenas connosco, mas também com o nosso opositor.
Nesta disciplina o praticante é intérprete na encenação de uma luta pela sobrevivência, durante a qual é avaliado e educado, pela exposição do seu instinto natural genérico e cultural.
A sobrevivência é talvez a motivação mais forte no ser humano, causa do empenho e dos exageros a que frequentemente assistimos na sociedade actual. Não raro, actos irreflectidos tomam o lugar da razão e do discernimento, numa clara perda de auto-controlo.
A história das artes marciais está cheia de referências de grandes Mestres, que nos herdaram com os seus pensamentos e actos.
Um dos maiores mestres de Iaido do Séc. XIX, outrora temido Samurai, era conhecido pelo rigor e exigência com que ministrava os treinos aos seus discípulos. Antes de morrer, deixou as suas armas pessoais ao seu aluno mais graduado, juntamente com um livro das suas memorias intitulado: "O melhor e mais valente samurai é aquele que ganha o combate sem ter de desembainhar o sabre".
O fundador do Aikido - Mohrei Ueshiba dizia " O melhor lutador é aquele que mata o combate à nascença." o que equivale a dizer que o combate cessa antes de ter começado.
Esta filosofia de interpretar e cultivar as artes marciais, revela uma forma superior de estar em sociedade e de profundo respeito pela individualidade humana. Só assim compreendemos a razão da saudação ao Dojo quando dele saímos. É o respeito pelo local onde aprendemos, pelos companheiros de treino e pelo "Sensei" e também pelo nosso esforço, através do qual aprendemos a conhecermo-nos melhor.
Não deixemos morrer o Karate...Não matemos o Karate...
Voltemos ao passado. Voltemos ao Karate tradicional...
Voltemos ao DOJO KUN..